Muito além das manifestações grandiosas da natureza, dignas de contemplação e admiração, nosso universo é composto de pequenas frações temporais de espetáculos , invisíveis aos olhos dos que não são dotados da sensibilidade em perceber a beleza do cotidiano.
Cabe ao fotógrafo imortalizar, através de suas lentes, esse fragmento singular. Ele o traz novamente à vida. Dá contornos, sombras, luz e formas. Àquele instante agora está vivo, e o chama de fotografia. A mobilidade dos seres e sua finitude, agora se tornou imóvel e eterno. Há, neste momento, o registro daquilo que não volta mais, que não se pode mudar, que não se pode mais ver.
O fotógrafo apropria-se do instante alheio, seja a alegria de uma criança que brinca, o trabalho diário do homem, as ondas que estouram nas pedras, as pessoas que transitam, os devaneios musicais de um mendigo, os pássaros que descansam sobre o fio.
Tal qual um autor musical que escolhe suas notas para uma canção, cabe ao fotógrafo a sutil decisão de sua composição. Ele escolherá o instante exato de registrar o momento e assim, então, criar a sua obra.
A partir deste momento o cotidiano também virou arte perante os olhos daqueles que apenas enxergam, mas não vêem. O dia-a-dia deixou-lhe de ser fugaz, sua rotina não é mais transitória, a efêmeridade agora lhe é eterna!